Noite incrível de São Paulo, aplausos para Altemar Dutra Jr. (Flashes de Antonio Salani)




















O mínimo que se pode dizer de Altemar Dutra Jr. é que é um jovem de talento. De talento e de coragem. Antes de falarmos da primeira virtude – tarefa sem dúvida menos difícil – tratemos da segunda. Isso mesmo, a coragem. E comecemos por lembrar que a música romântica no Brasil sempre teve de enfrentar e vencer inexplicável preconceito alimentado pela chamada elite cultural. Ou seja, aquela intelligentsia, aquela linha de frente apologista do bom gosto acima de tudo, mas de um bom gosto vago, impreciso, obediente a certas regras acadêmicas que se escondem sob o nome de "sofisticação". A intelligentsia que inventou os termos "kitsch", "brega", "cafona", os quais nos orgulhamos de jamais ter usado a propósito de coisa alguma.

Já ouvi pessoas defenderem, a respeito de tal preconceito, que o brasileiro não é um povo romântico. Será? Dizem aquelas pessoas que se é romântico, o brasileiro não o é "derramadamente". Ou seja, não vive seu romantismo sem autocensura. Não seria como o mexicano do bolero, por exemplo, que canta amores e dores sem o constrangimento machista, digamos, do argentino do tango. Ou não seria como alguns poucos brasileiros que se atrevem – sua bênção Vinicius de Moraes – a bradar: "Crava as garras em meu peito em dor/E esvai em sangue todo amor/Toda a desilusão..." Bota romantismo derramado nosso!

Certos meninos da bossa nova, moderninhos, inteligentes e comprometidos com o que entendiam por bom gosto, realmente torciam o nariz para Vinicius. Idolatravam o homem, o personagem, mas não o letrista. Quer dizer, não o consideravam um dos seus, rejeitavam sua poesia despudorada, consideravam-no um romântico além da conta. Eu diria... corajoso. Nem sal, nem sol, nem sul, mas somente o amor.

Se é fato que somos um povo pouco romântico (no fundo, não acredito, preferindo achar que só nos falta saber como externar nossos sentimentos), temos aí o primeiro gesto audacioso de Altemar Dutra Jr. Bem que ele poderia alinhar-se a outros jovens de sua geração, roqueiros tonitruantes, pagodeiros badalativos, funqueiros tupiniquins, rapeiros imitadores, e até ganhar mais dinheiro com isso. Bem que poderia adotar um pseudônimo bacaninha, ocultando o nome do pai famoso e, ao mesmo tempo, vítima do mesmo preconceito (Altemar Dutra foi um dos melhores cantores românticos do Brasil e morreu sem que a intelligentsia o reconhecesse). E bem que, no mínimo, no mínimo, já que não mudou o nome, poderia, com todo o direito, fazer-se parecido, na voz e no estilo, com o denominado "trovador das Américas". Mas, corajoso, preferiu seguir o caminho de seu coração e ser romântico por conta própria.

Aqui entra o talento. Não bastaria ao jovem cantor decidir ser deste ou daquele modo, cantar nesse ou naquele estilo, tornar-se ou não diferente do pai. Era preciso talento. O que ele tem de sobra. No timbre, na técnica, nas divisões, na sinceridade com que dá seu recado, Altemar Dutra Jr. é cantor completo. Não há muitos como ele no país cujas canções, de uma hora para outra, propõem tratar a tapas e pontapés a mulher amada.

E o repertório? Não é por acaso que o clima de todo disco é ditado pelo bolero. Também não é por acaso que as canções mais novas do repertório – Contradições (Cristóvão Bastos & Aldir Blanc), Acaso (Ivan Lins & Abel Silva) e Já passou (Ivor Lancelotti) – são de melodistas e, principalmente, de poetas com a alma de Vinicius (que aliás está presente com a hiper-romântica letra de Apelo, música de Baden Powell). Não é por acaso que Aldir diz: "E compor um bolero assim/É feito implorar: volta já pra mim..." Ou que Abel emenda: "Eu nem queria mais sofrer/A agonia da paixão/Nem tinha mais o que esquecer/Vivia em paz na solidão/Foi só te encontrar/E o futuro chegou como ressentimento..." Ou que Ivor seja definidor: "Eu hoje me enchi de coragem/E pergunto a você/Por onde andará nosso amor...?" Não é por acaso que haja tantos boleros a desfilar na voz de Altemar Dutra Jr., de Consuelo Velsquez, de Cláudio Estrada, de Roberto Cantoral, de César Portillo de La Luz, este uma lenda viva cubana que eu, Ivan Lins e outros brasileiros tivemos a oportunidade de encontrar recentemente em Havana. Nem é por acaso que os da turma mais antiga, o Caymmi de Nunca mais (a filha Nana em emocionado duo com Altemar), o Lupicínio de Nunca, o poeta Jair Amorim de Alguém como tu e Somos iguais, sejam, cada qual a seu modo, igualmente românticos. A música brasileira teria sido mais pobre sem eles.

Sobre Jair Amorim, algumas palavras mais. Era o poeta favorito de Altemar Dutra, o pai. E, como este, um injustiçado. As canções que fez com músicas de José Maria de Abreu e Evaldo Gouveia, as do primeiro geralmente cantadas pelo romântico Dick Farney e as do último pelo mesmo Altemar, são jóias que a intelligentsia – pobre elite cultural! – nunca soube apreciar. Teimoso, ou melhor, corajoso, Altemar Dutra Jr. lhes dá uma nova chance.

CDs Gravados:

* Transparente – Gravadora Velas (1997)
* Agora eu Sei – Gravadora Velas (1999)
* Altemar Dutra Junior – Gravadora Velas (2001)
* Altemar Dutra Júnior- Gravadora Som Livre (2007)

Participações em CDs:

* Miltinho convida – Gravadora Sony (1996)
* Tânia Alves – Coração de Bolero – Abril Music (1999)
* Elymar Santos – Ao vivo no Olympia – SP
* Hebe Camargo – Universal... 
* JAIR RODRIGUES – TRAMA – 2005
* Participação da trilha sonora da novela “ CIDADÃO BRASILEIRO”. TV Record 2006
* CD a ser lançado em Julho de 2007

Prêmios:

* Revelação de cantor – 10° Prêmio Sharp de Música – (1997)
* Melhor Cantor – Troféu Marketing e Negócios – MERCOSUL
* Personalidade – City News (Campinas-SP)
* Personalidade no Jubileu de Prata do Rotary Club –Mooca-SP (1998)
* Personalidade Brasileira – Brasil 500 anos (Centro de Integração Cultural e Empresarial do estado de São Paulo.

Shows:

* Conrad Casino – Punta Del Leste (1999)
* Teatro Rival – Rio de Janeiro (1998)
* Réveillon – Sepetiba - Rio de Janeiro
* Pelourinho – Salvador – BA
* Carnaval na Cinelândia – Rio de Janeiro – 2003 e 2004
* Casa 70 - Uganda – Angola
* Bar do Tom – Rio de Janeiro
* Bar Bhrama – São Paulo
* Festa da Seresta em São Cristóvão – SE
* Participação no Show de Nana Caymmi – Canecão – Rio de Janeiro
* Clubes Pinheiros, Palmeiras, Juventus , Clube 22 de Agosto de Araraquara São Paulo – SP


Flagrantes de Antonio Salani na casa noturna de Lilian Gonçalves "Bar do Nélson" (Santa Cecilia SP) reuniu Vips como;Miriam Petrone, Zildetti Montiel, Marly Lamarca, Carla Fiori (Relações Públicas do grupo Lilian Gonçalves) , a cantora Marta Mendonça (Mãe de Altemar Jr) e o cantor da Jovem Guarda Angelo Máximo....e muitos mais.

Uma voz excepcional, uma noite magnificamente musical de alto nível.

Bar do Nelson, Santa Cecília - SP

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