História comentada do colunismo social Brasileiro- 40 fotos históricas

Histórica – Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo, n.33, 2008
DAS GOSSIP COLUMNS ÀS NOVAS COLUNAS SOCIAIS BRASILEIRAS: POLÍTICA E 
MODERNIZAÇÃO NA IMPRENSA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1950 E 1960 
Maurício de Fraga Alves Maria1
Resumo: O artigo em questão trata de documentar como os novos colunistas sociais 
brasileiros, inspirados no colunismo social norte-americano que desde a década de 1920 já 
desfrutava de grande prestígio nos Estados Unidos, adaptaram esse colunismo ao já 
praticado no Brasil, sobretudo de inspiração francesa, criando um novo gênero jornalístico 
brasileiro que marcou a imprensa das décadas de 50, 60 e 70 do século XX, tendo como um 
dos alvos principais as figuras políticas nacionais. Buscamos com isso interpretar a atuação 
desses colunistas sociais em meio às mudanças sociais entre as elites estadunidenses e 
brasileiras, sobretudo após a 2ª Grande Guerra. 
Palavras-chave: Colunas Sociais – modernização – política. 
Abstract: The article in question comes to documenting as inspired by American gossip 
columnism, since the decade of 1920 already enjoyed high prestige in the United States, the 
new Brazilian gossip columnists adapted to this columnism already practiced in Brazil, mainly 
of French inspiration, creating a new genre journalistic Brazilian press that marked the 
decades of 50, 60 and 70 of the twentieth century, and as one of the main targets national 
political figures. We interpret this with the performance of these gossip columnists amid the 
social changes between the U.S. and Brazilian elites, especially after the 2nd World War. 
Keywords: Gossip Columns – modernization – politic. 
“Ter nome no jornal é um emblema dos tempos modernos”. 
(“De colunas e colunáveis”, Jornal do Brasil, 18 de março de 1995, 
p.11). 
Já em meados da década de 1950, a imprensa brasileira vivenciava uma notável 
impulsão iniciada a partir dos investimentos do capital estadunidense. Regidas 
principalmente pelo capital privado e sem a forte censura de órgãos como o DIP 
(Departamento de Imprensa e Propaganda), que durante todo o “Estado Novo” determinou o 
que era publicado, os jornais tornavam-se cada vez mais fortes instrumentos políticos nas 
mãos das classes mais abastadas, bem como dos novos grupos que emergiam no cenário 
político nacional. Vendo na iniciativa privada os meios para a desnacionalização da grande 
imprensa brasileira, estes grupos passam, em uma escala ainda maior, a utilizar da 
imprensa, em suas múltiplas facetas, para se auto-afirmarem nacionalmente e 
regionalmente. 

1
 Mestrando em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de 
Assis (UNESP/Assis). É vinculado à linha de pesquisa Identidades Culturais, Etnicidades e Migrações, sob a 
orientação da professora Dra. Flávia Arlanch Martins de Oliveira. Atualmente desenvolve pesquisa referente ao 
desenvolvimento do colunismo social brasileiro pós 1950 em algumas das grandes cidades brasileiras como Rio 
de Janeiro, São Paulo e Curitiba, bem como sua difusão nas cidades da região Centro-Sul do Estado do Paraná
 Marlene Silva, Alain Delon e Mireille Darc, Regine's RJ cqrnaval 1978
 Andy Warhol e Régine, Monaco, 1982 e abaixo SP, 31 03 1981 Omar Sharif, Regine e Delon, inauguração club SP
Os Estados Unidos não apenas agiram economicamente sobre os jornais brasileiros 
através da propaganda e do marketing, mas também inspirando os jornalistas brasileiros 
com suas técnicas e modelos de imprensa, contribuindo também para a profissionalização 
do jornalismo. 
 Até então, os periódicos brasileiros seguiam o modelo francês de jornalismo, cuja 
técnica era muito próxima da literária (“literatura sob pressão”, como a definira Alceu 
Amoroso Lima2
). Os gêneros mais valorizados eram a crônica, o artigo polêmico e o de 
fundo, mais opinativos e mais livres. Mais agressivos e virulentos, esses jornais eram 
marcados pelos debates e polêmicas envolvendo, sobretudo, a política3
Jornalistas brasileiros que haviam estagiado em alguns dos maiores e mais 
conceituados jornais estadunidenses, vão ser os grandes agentes de mudança no modo de 
fazer jornal no Brasil4
, pautando-se sobre os ideais de uma imprensa mais “informativa”, 
menos tendenciosa, mais direta, buscando a “objetividade” e a “imparcialidade”, assim 
como, supostamente, praticado na imprensa norte-americana 5
Técnicas como o lead e a “pirâmide invertida”, implantação de novos cargos nas 
redações dos jornais, como o copy-desk6
, e a adoção e criação de manuais de redação7
passaram a moldar a prática jornalística dos grandes centros brasileiros, sendo somente 
décadas mais tarde difundido para as capitais menores e outras cidades brasileiras. Porém, 
essa também é a época de crescimento de grandes gêneros jornalísticos-opinativos que se 
tornarão famosos na imprensa brasileira, como, por exemplo, o colunismo social. Opinativo 
e claramente subjetivo, entendemos o colunismo social como o gênero jornalístico que 

2
 LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2004, 88 p. (Coleção 
Clássicos do Jornalismo brasileiro). 
3
 RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Jornalismo, literatura e política: a modernização da imprensa carioca nos anos 
1950. Estudos Históricos, Mídia, n.31, 2003/1, p.1-15. Disponível em: <www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/345.pdf>. 
Acesso em: 19 Set. 2008.
4 O trabalho mais pontual nesse sentido é a empreendida pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. (Cf. 
SILVA, Carlos Eduardo Lins da. O Adiantado da Hora: a influência americana sobre o jornalismo brasileiro. 1. ed. 
São Paulo: Summus, 1991, 120 p.). 
5
 Entre os pesquisadores, a idéia de “objetividade” e “imparcialidade” buscada pela imprensa deste período é 
notavelmente criticada, sobretudo pelos historiadores, principalmente a partir da década de 80, como Arnaldo 
Contier, Maria Helena Capelato e Maria Ligia Prado, entendendo a imprensa como, fundamentalmente, 
“instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida social” (Cf. LUCA, Tania Regina de. História 
dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org). Fontes históricas. 1. ed. São Paulo:
Contexto, 2005, p.118). 
6
 O lead era a abertura do texto, o primeiro parágrafo, que devia resumir o relato do fato principal, respondendo a 
seis perguntas básicas: quem?, fez o quê?, quando?, onde?, como?, e por quê?. Símbolo máximo do jornalismo 
moderno, o lead veio substituir o “nariz de cera”, texto introdutório longo e rebuscado, normalmente opinativo. A 
pirâmide invertida consistia em uma técnica narrativa onde o texto noticioso deveria ser estruturado segundo a 
ordem decrescente de interesse e relevância das informações, de maneira que o leitor tivesse acesso aos dados 
essenciais sobre o acontecimento nos parágrafos iniciais. Os fatos seriam expostos por ordem de importância. 
Além de atender a lógica da leitura rápida, facilitava também o processo de edição, permitindo que, na hora da 
montagem da página, se cortasse o texto pelo final, sem lhe causar danos. O copy-desk, um grupo de redatores, 
era responsável pela padronização e revisão das notícias, sendo que, se necessário, poderiam reescrever as 
matérias para dar-lhes unidade de estilo (Cf. RIBEIRO, op. cit., p. 2-4). 
7
 Os manuais de redação nos Estados Unidos já eram utilizados desde o final do século XIX, a exemplo de 
manuais como o The Style Book of the New York Times, o manual de redação do jornal New York Times. No 
Brasil, o primeiro a ser implantado vai ser o Manual de Redação do jornal Diário Carioca, implantado pelo 
jornalista Pompeu de Souza no início da década de 1950. melhor se adaptou às condições brasileiras, sendo 

 “Ibrahim Sued, o mais lido cronista social do Brasil usando uma camisa BanTan mod. Grand Monde” 
(Revista O Cruzeiro, 17/06/1954). A presença de colunistas em propagandas de produtos demonstra 
a importância adquirida por estes já em meados da década de 1950, como demonstra o exemplo 
acima de Ibrahim Sued, enquanto formadores de opinião, inclusive na moda. 
Mais ousado, Ibrahim Sued, de família pobre, filho de imigrante libanês, com 
pouquíssima escolarização, não apenas inovou o colunismo social brasileiro, seguindo os 
passos de Maneco Muller. Ibrahim lhe deu novo tom, nova perspectiva, seja na abordagem, 
na estrutura, na linguagem utilizada – talvez umas das características mais notáveis do 
“iletrado” Ibrahim – sendo seguido por diversos outros colunistas, seja nos grandes centros 
ou nas diversas cidades aonde o colunismo já chegara a fins da década de 50, quando 
ainda não se pensava ou não era possível a difusão da “imprensa informativa”, tão cara aos 
grandes jornais dos grandes centros. Para Ibrahim as colunas não foram apenas um meio 
de ascensão, eram a sua filosofia. 
Ainda mais sarcástico que Maneco, as colunas de Ibrahim Sued, publicadas em 
diversos jornais – O Globo, Manchete, Diário Carioca, Gazeta de Notícias, entre outros –, 
eram marcadas pela articulação entre a “informação curta, direta, informativa por excelência, 
muitas vezes agressiva, quase sempre anti-romântica”
30. Ibrahim criara uma articulação 
entre a “imprensa informativa”, valorizando o “furo”, a reportagem, mas com muita opinião e 
personalidade. 
A política figurava em suas colunas de forma jocosa: escândalo envolvendo políticos, 
familiares, grandes autoridades – não se pode esquecer que, como fotógrafo do jornal O 
Globo, no início de sua carreira em 1946, Ibrahim tirou uma foto na qual o político Otávio 
Mangabeira beija a mão do general e futuro Presidente norte-americano Dwigt Eisenhower, 
que virou capa. 

30 TRAVANCAS, Isabel. A coluna de Ibrahim Sue
Colunas sociais: dos Estados Unidos ao Brasil 
Inspirados no colunismo social norte-americano, que desde a década de 19208
 já 
desfrutava de grande prestígio nos Estados Unidos, os novos colunistas sociais brasileiros 
adaptaram esse gênero ao já praticado no Brasil, criando um novo gênero jornalístico 
brasileiro que marcou as décadas de 50, 60 e 70 do século XX. 
Hora relatando festas, hora perpassando suas falas pela vida mundana das “altas 
rodas” 9
, essas colunas sociais construíram uma forma alternativa e particular de expressão 
da opinião de seus escritores e dos veículos de informação às quais estavam ligadas. 
Informações fúteis, de caráter de curiosidades, fait’divers, eram agora mescladas a fofocas 
sobre milionários, artistas e principalmente sobre um tipo de “celebridade” bastante peculiar: 
os políticos. Em sua grande parte, ligados às grandes famílias, esses políticos possuíam um 
grande capital simbólico que lhes era advindo de suas origens familiares, bem como da 
posição social que possuíam. A política, assim como fazia parte dos comentários dos 
colunistas norte-americanos, passara a possuir uma importância vital para as colunas 
sociais brasileiras. 
Nos Estados Unidos essa relação era mais antiga. Os colunistas sociais naquele 
país haviam contribuído consideravelmente para a mudança do cenário social das grandes 
cidades. Em 1924, a colunista Sra. John King Van Rensselaer assim comentava sobre a 
forma como as elites das grandes cidades norte-americanas eram compactas e estáveis 
antes da 2ª Grande Guerra: “A Sociedade cresceu mais por dentro do que por fora [...] Os 
elementos estranhos que absorveu foram reduzidos. O círculo social ampliou-se, geração a 
geração, pela abundante contribuição de cada família à posteridade [...] Havia uma fronteira 
tão sólida e tão difícil de ignorar como a Muralha Chinesa” 10
A política, bem como o pertencimento às “altas rodas”, era um privilégio de poucos, 
geralmente, membros de famílias “antigas”. Porém, constantemente ameaçados por 
pessoas que, como afirmara a mesma colunista Van Rensselaer, “procuram escalar 

8
 Mesmo momento em que, segundo Ana Paula Goulart Ribeiro, estaria sendo gestada a idéia de “objetividade” 
da imprensa estadunidense. Desta forma, as colunas de notas ou colunas sociais são formadas nos moldes
modernos ao mesmo tempo em que algumas das idéias tão caras ao jornalismo-empresa norte-americano 
começam a ser empregadas (Cf. RIBEIRO. op. cit., p.8). Provavelmente como meio de resistência dos jornalistas 
frente aos gêneros jornalísticos de caráter literário e opinativo e seu grande sucesso junto ao público. 
9
 Utiliza-se aqui o termo empregado por C.Wright Mills, entendendo por “altas rodas” o “conjunto de grupos cujos 
membros se conhecem, se vêem socialmente e nos negócios [...]. A elite, segundo este conceito, se considera, e 
é considerada pelos outros, como o círculo íntimo das “classes sociais superiores” (MILLS, C. Wright. A Elite do 
Poder. Trad. Waltensir Dutra, 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968, p.19 - 20). 
10 RENS




 "Em nome do país (...) inclino-me respeitoso diante do General Comandante-Chefe dos Exércitos que 
esmagaram a tirania, beijando, em silêncio, a mão que conduziu à vitória, as Forças da Liberdade". E 
beijou as mãos do visitante. Foi um escândalo nacional. A Constituinte foi obrigada a dedicar um dia 
de seus trabalhos ao "polêmico beijo". A cena, por muitos anos simbolizou a submissão do Brasil aos 
EUA e consagrou Ibrahim Sued como repórter 
(Fonte: http://politicaegroselha.blogspot.com/2007/08/o-beija-mo-e-o-ministro-do-futuro.html). 
As fofocas, carregadas de originalidade e malícia, abordaram diversos temas: “o 
PTB, assim como sua opção de não votar neste partido mereceu nota, a transferência da 
capital para Brasília – fato do qual discorda com veemência -, e a crítica feroz ao regime 
implantado em Cuba por Fidel Castro foram destaque em seus textos”31; apoiou a 
candidatura de Fernando Collor de Melo, criticou a UNE; no cenário internacional deu 
especial atenção para a eleição de Perón na Argentina, a coroação da Rainha Elizabeth da 
Inglaterra, a guerra do Vietnã, as mortes dos irmãos John e Bob Kennedy, Salasar, de 
Gaulle e do Papa Pio XII, o caso Watergate e a guerra das Malvinas. As campanhas 
políticas também faziam parte de seu repertório. 
Em suma, personagens e fatos políticos eram comuns em suas colunas: 
Meu colunismo sofreu forte influência de duas pessoas: Walter Winchell e 
Elza Maxwell. Com Winchell, principalmente, e desde muito cedo, aprendi 
que o campo de ação do colunismo não se restringe apenas ao das 
“bonecas e deslumbradas” – quando bem exercido, ele influencia os 
principais setores de atividade de um país. Com Elza, decididamente, vi que 
o lado ameno da vida não implica, necessariamente, em futilidade: Winchell 
está registrado nos anais do Senado Americano; ele e o Presidente 
Roosevelt “foram os homens que mais atuaram para que os States 
entrassem na II Grande Guerra”; Elza, um dia, foi visitar a então Rainha 
Frederica da Grécia e esta lhe pedi que fizesse alguma coisa pelos pobres 

31 TRAVANCAS, op. cit., p.5. de seu país. A colunista, na ocasião com força total, para atrair turistas às 
ilhas gregas pediu ao iate de Stravos Niarchos emprestado e organizou um 
badaladíssimo cruzeiro pelo arquipélago grego. O cruzeiro deu capa do 
Time e o roteiro, hoje, é uma das atrações turísticas da Europa. No meu 
colunismo, aproveitando as lições herdadas e utilizando-as de acordo com 
as necessidades e contradições nacionais, já atuei ao lado de presidentes 
da República, fiz campanhas contra metas de governo – como no caso de 
Brasília quando fui dos raros jornalistas a declarar que Juscelino estava 
abandonando o Rio e construindo uma capital às pressas –, colaborei com o 
ex-Presidente Jango Goulart, de quem antes fora terrível inimigo político 
tendo, posteriormente, conspirado para derrubá-lo na Revolução de 31 de 
Março. Depois da Revolução, entre outros episódios, participei da 
popularização de um candidato à presidência: o Marechal Arthur da Costa e 
Silva, então ministro da Guerra e que disputava com outro general, Cordeiro 
de Farias, a preferência dos militares à sucessão de Castello Branco. Nesta 
campanha, o meu poder de comunicação foi de grande importância. E o 
carinhoso apelido de “Seu Arthur” que popularizei consolidou a imagem do 
falecido presidente [sic]32


 Ibrahim sabia do poder que exercia, ou que “imaginava exercer”, e da forma como as 
“representações” por ele criadas tinham repercussão nacional. Com grande “capital 
político”33, construindo “uma identidade para si”, sob a égide do poder que o colunismo 
norte-americano havia conquistado. Podemos perceber que Ibrahim, em suas memórias, 
busca evidenciar, dar relevância, dando aos fatos que rodeiam sua vida de colunista 
características excepcionais, para ser lembrado34. Como “representação”, seu texto dá 
mostras, com todo o “efeito de verdade” que lhe é particular, reordenando os fatos, 
“representando-se” para si e para seus leitores ao mesmo temo em que aponta para 
diversas representações políticas por ele criadas. Atento ao sucesso que esses colunistas 
haviam alcançado, Ibrahim aponta para os mesmos a fim de construir uma linearidade entre 
a escrita destes e a sua, inserindo-se em uma tradição de sucesso. 
Conclusão 
 Como conclusão preliminar, podemos afirmar que a política sempre esteve presente 
entre os temas abordados pelo colunismo social pós década de 50 e pela imprensa 
brasileira como um todo, mesmo que maquiada pelas técnicas jornalísticas e manuais de 
redação. Alvo privilegiado, a política tornou-se um dos focos principais, sobretudo entre os 
colunistas, a partir desse momento. Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, o colunismo 

32 SUED, Ibrahim. 20 anos de caviar. 1. ed. Rio de Janeiro: Edições Bloch, 1972, p.21-22. 
33 Cf. BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. 1. ed. São Paulo: EDUSP; Porto Alegre, 
Editora Zouk, 2007, 560 p. 
34 Fazemos aqui quase que uma inversão das palavras de Ângela de Castro Gomes, porém, sem pretender 
alterar o sentido buscado pela autora: “em todos esses exemplos do que se pode considerar atos biográficos, os 
indivíduos e os grupos evidenciam a relevância de dotar o mundo que os rodeia de significados especiais, 
relacionados com suas próprias vidas, que de forma alguma precisam ter qualquer característica excepcional 
para serem dignas de ser lembradas” (Cf. GOMES, Ângela de Castro. Escrita de si, escrita da História: a título de 
prólogo. In: Escrita de Si, Escrita da História. 1. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2003, p.11. social foi, e ainda é, um grande produtor de representações políticas. Suas notas, 
carregadas de ironia e malícia, constituem-se em um terreno fértil para a percepção das 
práticas políticas nacionais e internacionais. 
Ainda, como fonte importante para a percepção das representações, em seu sentido 
amplo, nota-se o papel privilegiado que o colunismo social obteve enquanto estratégia 
atuante em meio às relações sociais de diversas “culturas políticas” – para tomar de 
empréstimo o conceito utilizado por Serge Berstein, para designar “uma espécie de códigos 
e de um conjunto de referentes de um grupo”35

Criando identidades, moldando comportamentos, atuando entre as lutas partidárias 
e/ou de grandes famílias – dotadas ou não de uma leitura comum de seu passado e de seu 
presente –, essas colunas sociais foram importantes na iniciativa por parte desses grupos 
em resistir ao avanço de novos grupos e de novos interesses políticos, muitas vezes 
contrários aos estabelecidos, como tentarei demonstrar com análise das colunas “Rumores 
Sociais”, publicadas no jornal Folha do Oeste entre nos anos de 1959 a 1964 em 
Guarapuava, PR. O objetivo é poder elucidar questões mais amplas a partir do estudo em 
escala menor36, buscando perceber os inúmeros contextos que rodeiam a trajetória dessa 
coluna social e a dos grupos que dela se utilizaram para manutenção de seu status quo. Um 
olhar cuidadoso sobre os jornais pode permitir a reconstrução de cenários e de relações de 
poder imprescindíveis para a compreensão de dinâmicas locais. 
Referências Bibliográficas 
BERSTEIN, Serge. A Cultura Política. In: RIOUX, Jean-Pierre e SIRINELLI, Jean-François 
(org). Para uma História Cultural. Lisboa: Editorial Estampa, 1998. 
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. 1. ed. São Paulo: EDUSP; 
Porto Alegre, Editora Zouk, 2007. 
CARVALHO, Luiz Maklouf. Cobras criadas: David Nasser e O Cruzeiro. 1. ed. São Paulo: 
Editora SENAC São Paulo, 2001. 
GOMES, Ângela de Castro. Escrita de Si, Escrita da História. 1. ed. Rio de Janeiro: FGV 
Editora, 2003. 
LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. 2 ed. São Paulo: EDUSP, 2004. 
(Coleção Clássicos do Jornalismo brasileiro). 

35 BERSTEIN, Serge. A Cultura Política. In: RIOUX, Jean-Pierre e SIRINELLI, Jean-François (org). Para uma 
História Cultural. Lisboa: Editorial Estampa, 1998, p.349-363. 
36 REVEL, Jacques (org). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Trad. Dora Rocha, 1. ed. Rio de 
Janeiro: FGV Editora, 1998, 269 p. LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla 
Bassanezi (org). Fontes históricas. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2005. 
MARTINS, Ana Luiza. Revistas em Revista: imprensa e práticas culturais em tempos de 
República, São Paulo (1890-1922). 1. ed., São Paulo: EDUSP: FAPESP: Imprensa Oficial 
do Estado, 2001. 
MILLS, C. Wright. A Elite do Poder. Tradução por Waltensir Dutra. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Zahar Editores, 1968. 
NETO, Geneton Moraes. Jacinto de Thormes: o dia em que o criador do moderno colunismo 
social enganou a rainha da Inglaterra no Maracanã. Disponível em: 
<http://www.geneton.com.br/archives/000030.html>. Acesso em: 15 Mai. 2007. 
REVEL, Jacques (org). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Tradução por Dora 
Rocha. 1. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1998. 
RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Jornalismo, literatura e política: a modernização da imprensa 
carioca nos anos 1950. Estudos Históricos, Mídia, n. 31, 2003/1, p.1-15. Disponível em: 
<www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/345.pdf>. Acesso em: 19 Set. 2008. 
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jornalismo brasileiro. 1ª ed., São Paulo: Summus, 1991.
SODRÉ, Muniz. Colunismo Social: Gente boa e gente fina. Disponível em: 
<http://observatório.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/fd260820031.htm>. Acesso em: 15 Mai. 
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SOUZA, Rogério Martins. O cavalheiro e o Canalha: Maneco Muller, Walter Winchell e o 
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n. 9, Florianópolis, 2007. 
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TRAVANCAS, Isabel. A coluna de Ibrahim Sued: um gênero jornalístico. Disponível em: 
<http://bocc.unisinos.br/pag/travancas-isabel-coluna-ibrahim-sued.pdf>. Acesso em: 15 Mai. 
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WALLS, Jeannette. Dish: how gossip became the news and the news became just another 
show. 1. ed. New York: Perennial Books, 2003. 
WECTER, Dixon. The Saga of American Society. 1. ed. New York: Scribner’s, 1937.















 Fafá de Belem com David Bowie, Elton John, Rod Stewrt- Baia de Guanabara, 1977
 Raquel Welch e Jorginho Guinle, Copacabana Palace RJ 1977
 RJ , Baile dos Artistas 1972 Bibi Ferreira, Sergio Cardoso coroam Glauce Rocha
 Joan Crowford Carnaval Theatro Municipal Sao Paulo, 1970

 David Cardoso, Mauricio Kus e Jece Valadão, Hilton SP, 1984
 Naji Nahas e Régine- show Julio Iglesias, 1982
 Régine, Lélio Ravagnani e Hebe Camargo - Régine's SP, 1982
 José Maria Marin e Dona Dulce Figueiredo Primeira Dama em 1982 Régine's Club SP
 Robert De Niro - Carnaval Regine's RL 1978 com Rudy
 Cosete Alves e Sig Bergamin, I aniversário Boate Régine's SP, 1982
 Tania Caldas e Raul Cortez, Regine's Sao Paulo 1982
 Tania Caldas 1979, Promoter

 John Travolta - Paris 2014
Ovadia Saadia
Presidente Apacos
Presidente Febracos
Associação dos colunistas do Estado de São paulo
Federação dos Colunistas Sociais do Brasil
Fotos- Arquivo OS Comunicações
Reprodução mediante solicitação

Comentários

  1. Colunas sociais: dos Estados Unidos ao Brasil
    Inspirados no colunismo social norte-americano, que desde a década de 19208

    desfrutava de grande prestígio nos Estados Unidos, os novos colunistas sociais brasileiros
    adaptaram esse gênero ao já praticado no Brasil, criando um novo gênero jornalístico
    brasileiro que marcou as décadas de 50, 60 e 70 do século XX.
    Hora relatando festas, hora perpassando suas falas pela vida mundana das “altas
    rodas” 9
    , essas colunas sociais construíram uma forma alternativa e particular de expressão
    da opinião de seus escritores e dos veículos de informação às quais estavam ligadas.
    Informações fúteis, de caráter de curiosidades, fait’divers, eram agora mescladas a fofocas
    sobre milionários, artistas e principalmente sobre um tipo de “celebridade” bastante peculiar:
    os políticos. Em sua grande parte, ligados às grandes famílias, esses políticos possuíam um
    grande capital simbólico que lhes era advindo de suas origens familiares, bem como da
    posição social que possuíam. A política, assim como fazia parte dos comentários dos
    colunistas norte-americanos, passara a possuir uma importância vital para as colunas
    sociais brasileiras.
    Nos Estados Unidos essa relação era mais antiga. Os colunistas sociais naquele
    país haviam contribuído consideravelmente para a mudança do cenário social das grandes
    cidades. Em 1924, a colunista Sra. John King Van Rensselaer assim comentava sobre a
    forma como as elites das grandes cidades norte-americanas eram compactas e estáveis
    antes da 2ª Grande Guerra: “A Sociedade cresceu mais por dentro do que por fora [...] Os
    elementos estranhos que absorveu foram reduzidos. O círculo social ampliou-se, geração a
    geração, pela abundante contribuição de cada família à posteridade [...] Havia uma fronteira
    tão sólida e tão difícil de ignorar como a Muralha Chinesa” 10
    .
    A política, bem como o pertencimento às “altas rodas”, era um privilégio de poucos,
    geralmente, membros de famílias “antigas”. Porém, constantemente ameaçados por
    pessoas que, como afirmara a mesma colunista Van Rensselaer, “procuram escalar

    8
    Mesmo momento em que, segundo Ana Paula Goulart Ribeiro, estaria sendo gestada a idéia de “objetividade”
    da imprensa estadunidense. Desta forma, as colunas de notas ou colunas sociais são formadas nos moldes
    modernos ao mesmo tempo em que algumas das idéias tão caras ao jornalismo-empresa norte-americano
    começam a ser empregadas (Cf. RIBEIRO. op. cit., p.8). Provavelmente como meio de resistência dos jornalistas
    frente aos gêneros jornalísticos de caráter literário e opinativo e seu grande sucesso junto ao público.
    9
    Utiliza-se aqui o termo empregado por C.Wright Mills, entendendo por “altas rodas” o “conjunto de grupos cujos
    membros se conhecem, se vêem socialmente e nos negócios [...]. A elite, segundo este conceito, se considera, e
    é considerada pelos outros, como o círculo íntimo das “classes sociais superiores” (MILLS, C. Wright. A Elite do
    Poder. Trad. Waltensir Dutra, 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968, p.19 - 20).
    10 RENS

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